A ressurreição, por um espírita.

Em se tratando do assunto ressurreição, na maioria das rodas de debate, encontraremos posições adversas acerca do tema, onde católicos e protestantistas defendem piamente a reconstrução animada do corpo físico que teve por motivos diretos, sua incapacidade de auto-gestão encerrada, ou seja…experimentou aquilo que entendemos como morte física, diante de um trauma, que causa um choque…e assim por diante.

Mas, em se tratando de Jesus e seu feito, o assunto toma uma proporção maior, e que sempre deverá ser discutida.

É neste ponto que hoje eu vejo, certa sintonia entre os demais pontos de vista.

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(Nós…espíritas) reconhecemos Jesus como homem comum, que nasceu de meio comum (deixando de lado então as inspirações de fecundação através de um espírito, santo, enviado… dentro do corpo da jovem virgem e tudo mais…) mas que, dentre tantas coisas, é também ele, Jesus, um individuo adiante do tempo em que se apresentava, não porque disse algo que era efetivamente novo, mas que fez daquilo que já era lei, uma nova base para reflexão.

Tanto é que ele mesmo comenta que “…não estava ali para destruir a lei, mas apenas para dar-lhe o cumprimento…”, embora podendo ser este cumprimento da lei, resumido a pratica do respeito social, de uma nova temática, de uma nova era que deveria ser implantada, comentada, discutida…enfim…

Em face de entendermos ele como um espírito inteligentíssimo (e por isso que eu frisei que era assim como ainda é, a frente do próprio tempo em que circundou os povos dali) natural seria ele ter o objetivo nobre de trazer uma boa nova, de dizer, de fomentar que aquele tempo de lei severa, poderia…se fosse a vontade dos homens, ser relativamente flexionada, a uma lei do amor.

A lei organizou a vida civil, mas muitas vezes, implicava no tratamento individual, sendo duramente aplicada como mecanismo de relação fraternal entre as famílias, berço da sociedade.

Como evoluir, como avançar, se pela lei social (com grandes implicações morais, na época) eu deveria antes de tudo, repudiar sistematicamente aqueles que por seu livre direito, desejariam não compartilhar comigo dos meus pensamentos? Como poderíamos dar um passo adiante, desprendendo-nos da severidade da palavra mosaica (observadas nas entrelinhas das transcrições da época) se me era comentado que eu deveria, ou que seria comum, apedrejar a mulher, no caso de adultério? Qual o direito que a lei me dava de atentar contra uma vida? Qual a possibilidade de resgate que esta vida teria, se eu lhe sucumbisse, exterminando qualquer possibilidade de redenção?

O cumprimento da lei então, se daria…pela pratica do amor…e quem ali estaria livre para atirar a primeira pedra, sendo que todos inseridos naquela época, de alguma forma, feria a própria lei?

Continuando, ate para chegar ao propósito do tópico, que é comentar sobre a ressurreição, essa narrativa de introdução foi com objetivo de deixar claro que, em se tratando de Jesus, ele se destacava pela forma com que dava aplicabilidade sutil as formas da lei, reduzindo-as a exposição moral da sua consciência, materializando o que era vontade do homem evoluído (ele, ali…na época), que era o amor incondicional.

Mas, chega o foco do tema: já sabemos (a ciência nos deixa claro isso hoje) que é impossível um corpo que sofreu traumas diretos, e o caso destes traumas causarem choque na própria constituição física, se reconstituírem por completo, e sem que haja marcas ou sequelas que o tornasse possível seu retorno ao estado da vida que possuía antes, a constituição física propriamente dita.

Ora, mas…Jesus, a frente do tempo, conhecedor de causas e efeitos, bem disse que muito haveria de ser explicado, mas que ainda não havia tempo de entendimento e que um novo consolador, com vias de explicar alguns fatos ali obscuros, chegaria em bom momento.

O corpo sofreu os traumas, mas o espírito ficou intacto, pois tinha dentre tantas coisas (além do conhecimento de causas e efeitos) a sabedoria de que tinha ali um propósito nobre, bem como também…a resignação de que só os “escolhidos” possuem.

Passado o tempo que se faz necessário, o espírito deste sabedor (Jesus) materializa-se, como uma expressão de forma pensamento… e pode por sua vez, ser visto aos olhos sutis de que ali habitava na época, já com ligeira menção em reconhecer as sutilezas do plano que hoje chamamos como “espiritual”

Retornou ao mesmo corpo físico? Não…mas reconstituiu (por expressa vontade da mente do espírito, pelo adiantado estado de conhecimento que lhe pertencia) a uma forma visível e porque não tangível, a ultima constituição física visível que possuía, pois assim daria temática ao que tanto comentou em suas andanças…de que o corpo não habita os céus, mas o espírito sim…que aqueles que quisessem ser tal qual ele, que não se entregassem de paixão, mas apenas…o seguissem…e assim por diante…

Reconhecer isso seria antes de tudo ir contra as leis (algumas ate relativamente materialistas) que eram aplicadas na época e também, dentre tantas coisas, contrariava os doutores da época, os profetas.

Escapava ao conhecimento dos profetas, a clareza da dissolução do feito…e diante disso, era então interpretado como um mistério de Deus, algo que…é relativamente…natural…

Se nessa “naturalidade da interpretação” fosse antes de tudo debatido e explicado, a obediência da lei civil não seria aplicada e nem tão pouco os profetas seriam vistos como tais…como doutos da lei…pois só se prendeu durante muito tempo e se mantêm preso durante muito tempo, aquilo que é tratado como ocultismo ou “sobrenaturalismo”…

Jesus veio, simplificou a lei e deu provas da importância do espírito, bem mais do que a do corpo espiritual.

Por ter confrontado interesses, esteve implicado nas mesmas leis, e pagou a medida da aplicabilidade das mesmas.

Estado por sua vez, o seu espírito acima de qualquer lei, fez-se ser visto novamente, deixando claro que todos podemos ser como ele, e até fazer mais… desde que haja amplitude da razão e conhecimento.

Não fundou religião, mas como faltava capacidade interpretativa aos que ali viviam, ficou ainda inserido dentro do ocultismo das religiões, dos mistérios divinos, todo o acontecimento que se desenrolou, o que…aos olhos (e sob a explicação que o espiritismo pode proporcionar) é visto hoje como manifestação natural, das leis naturais… sem ser mais oculto, sobrenatural ou maravilhoso.

Basta ampliar a mente, abrindo-a e aí sim, livrando-nos das “velhas ideias”.

É isso.

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